Claudino

Os instintos: categoria discursiva em movimento?

Livio Sergio Dias Claudino

 

Resumo

Nesse texto apresento as transformações da noção de instintos (instinctus,ūs) desde o século 15, tendo por objetivo analisar algumas consequências do redirecionamento provocado pela obra de Michel Foucault (1926-1984) às teorias sociais fundamentadas nessa noção. O foco será a obra do norte-americano Thorstein Veblen (1857-1929) que, também influenciado por pragmatistas, fez da categoria instintos um pivô central de sua construção filosófica sobre o comportamento humano e a evolução social. Para isso, foi feito o mapeamento etimológico do termo em dicionários específicos e em textos clássicos, de modo a acompanhar a sua evolução. Foi possível demonstrar estatutos diversos e uma constante movimentação da noção desde o século 15. A mudança mais significativa aconteceu a partir do século 18, quando a noção teve sentidos e usos políticos ampliados, distanciando-se cada vez mais do reducionismo biológico e tomando forma em teorias de inúmeros campos de conhecimento, não se limitando também aos espaços científicos.

Palavras-chave

Michel Foucault. Pragmatismo. Thorstein Veblen.

Referências

BARAQUIN, Noëlla et al. (coord). Dictionnaire des philosophes. 3 edição. Revue et augmentée. Paris: A. Colin, 2005. 1v.

BLAY, Michel (Cood.) Grand dictionnaire de la philosophie. Paris: CNRS Editions/Larousse. 2003.

BRÉAL, Michel; BAILLY, Anatole. Dictionnaire étymologique latin. 11 edition [s.l.: s.n.], 1885.

CAVALIERI, Marco Antonio Ribas. O surgimento do institucionalismo norte-americano: um ensaio sobre o pensamento e o tempo de Thorstein Veblen. Tese de Doutorado (PPG – Economia), Universidade Federal de Minas Gerais, 2009.

CAVALIERI, Marco Antonio Ribas; DE LIMA, Iara Vigo. A Foucauldian view of Veblen’s institutionalism: Non-teleology and the interdiscursivity between economics and biology. Economia. Brasil: ANPEC, v. 14, n. 3–4, p. 199–213, 2013.

CRUZ, Murillo. Thorstein Veblen: O teórico da Economia Moderna, Teoria Econômica, Psique e Estética da Ordem Patriarcal. [s.l.]: E-book, 2014. Disponível em: . Acesso em 22 jul. 2015.

DAMÁSIO, António. O erro de Descartes. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 1998.

DELEUZE, Gilles. Foucault. São Paulo: Brasiliense, 2005.

ERNOUT, Alfred; MEILLET, Antoine. Dictionnaire étymologique de la langue latine: histoire des mots. 4 edição. Paris: Klincksieck, 2001.

FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Org. e trad. MACHADO, Roberto. [S.l.: s.n.]. Disponível em: . Acesso em: 22 jul. 2015.

FOUCAULT, Michel. Las redes del poder [1976]. Buenos Aires: Almagesto, 1993, p. 49–72. Disponível em: . Acesso em: 9 jul. 2015.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento das prisões [1975]. Trad. RAMALHETE, Raquel. 20 Edição. Petrópolis: Vozes, 1999.

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade I: a vontade de saber [1976]. São Paulo: Paz e terra, 2014.

FRITZEN, Celdon. Imagens da criança na geração de 1870: O problema dos instintos. In: Anais do I Seminário Educação, Imaginação e as linguagens Artístico-Culturais. Criciúma: UNESC, 2005, v. 5. Disponível em: . Acesso em: 9 jul. 2015.

INSTITUT NATIONAL DE LA LANGUE FRANÇAISE. Trésor de la langue française, 10: Incartade-Losangique. Paris: Éditions du C.N.R.S. [puis] Gallimard, 1983.

JENSEN, Hans. The theory of human nature. Journal of Economic Issues. Las Cruces: Association for Evolutionary Economics, v. 21, n.3, p. 1039–1073, 1987. Disponível em: . Acesso em 22 jul. 2015.

LAROUSSE. Larousse, grand dictionnaire étymologique et historique du français. Nouvelle édition. Paris: Larousse, 2005. 1v.

MONASTERIO, Leonardo Monteiro. Guia para Veblen: um estudo acerca da economia evolucionária. Pelotas: Edufpel, 1998.

NEGREIROS-CONCEIÇÃO, Daniel. Thorstein Veblen. OIKOS. Rio de Janeiro: UFRJ, v. 6, n. 2, 2007. Disponível em: . Acesso em: 11 jul. 2015.

RUTHERFORD, Malcolm. Veblen’s evolutionary programme: a promise unfulfilled. Cambridge Journal of Economics. Oxford: Oxford University Press, v. 22, n. 4, p. 463–477, 1998. Disponível em: . Acesso em 22 jul. 2015.

SANTOS, José Francisco dos. Conhecimento e instinto em Peirce e Dewey: uma epistemologia realista e “naturalizada”. Cognitio-Estudos: revista eletrônica de filosofia. São Paulo: PUC, v. 4, n. 1, 2007. Disponível em: . Acesso em: 8 jul. 2015.

SILVA, Vagner Luis da. Fundamentos do institucionalismo na teoria social de Thorstein Veblen. Política & sociedade. Florianópolis: UFSC, v. 9, n. 17, p. 289–323, 2010. Disponível em: . Acesso em: 11 mai. 2015.

VEBLEN, Thorstein. The instinct of workmanship and the irksomeness of labor. The American Journal of Sociology. Chicago: University of Chicago, v. 4, n. 2, p. 187–201, 1898. Disponível em: . Acesso em 22 jul. 2015.

VEBLEN, Thorstein. The theory of the leisure class [1899]. New York: Dover thrift editions, 1994. Disponível em: . Acesso em: 11 jul. 2015.

VOLTAIRE. “Instinto”. Dicionário Filosófico [1764]. São Paulo: Escala Editorial, 2008.